18 de ago. de 2008

Resíduo / Fernanda Garcia
De tudo fica um pouco
Do meu tempo. Da tua ausência.
Dos meus medos e nossas aflições.
Do quarto minúsculo ficou um pouco.
Tão pouco, um pouco rouco, desse pouco.
Fica um pouco desse receio
memórias, melancolia e tantas desmemórias.
Lembranças, de mil maneiras
que ficam um pouco esquecidas.
Tantas idas..
Voltas, desvios.
José, apaixonante...
abrigo, perigo...
No caminho que encontrei, em um dos desvios em que entrei.
Esquecer o inesquecível nunca foi tão fácil.
De tudo fica uma lágrima, uma lástima.
Corações partidos, risos banidos, bandidos...
Um pouco do teu calor, horror, amor...
Cores, de tudo fica um pouco.
Um pouco fica de tudo.
De mim, de ti
Da música que não terminei,
dos versos jogados,
destinos traçados.
Do que não foi terminado.
De tudo fica o resto de lixo, o luxo de resto,
que não se esqueceu.
Fica um momento, num silêncio.
E de tudo fica a presença incompleta
do que se quer, do que se parece ter.
Amizades perdidas, inimizades de todos os dias.
Um sopro inquieto,
memória fotográfica, essa que não cala.
De tantos amores não ficam algum.
Só fica aquele que brota, que não se procura.
Cura, amargura.
De quem não sabe viver...
Na gaveta, ficam palavras soltas, emoções envoltas.
De tudo fica do que não quer se lembrar.
Dos livros, sentidos, amigos.
O pouco amor recebido, ouvido, um ruído
De tudo fica um pouco da infância, dessa discrepância do destino.
Saudade, felicidade que já não se pensa.
Flores, de tantos amores, resta você.
Cabelos jogados, sofás arrastados
De tudo fica um final feliz
daqueles que se bem diz
E do que fica, do que ficou, do que não passou.

2 comentários:

Maria Souza Carolina disse...

LINDO! ameeei! ainda não consegui fazer o meu! =/ mas o seu.. ficoou perfeito!

Thaís Cavalcanti disse...

Lindo, Fer.

É sensível, verdadeiro.

Perfeito!

beijos, flor